SEXTILHAS REGULARES

 

 

 

Envie

 

Envie pensamentos de abundância

Àqueles com quem cruza rua fora.

Imagine que entrega, sem variância,

Notas, imensas notas desde agora.

Imagine a alegria, sinta-a forte:

- Torna a fortuna a si, como seu norte.

 

 

Distribuir

 

Se eu distribuir dinheiro

Para atrair mais a mim,

Sinto a falta por inteiro,

Fico sem nada no fim.

- Se for por amor ao dar,

Recebo a multiplicar.

 

 

Pagar

 

Ao pagar seja o que for,

Sonhe com toda a abundância

A quem der o tal valor.

Aquilo que der sem ânsia,

A si torna, no sentido

Que em dobro é-lhe devolvido.

 

 

Assuma

 

A emoção despoletada

Pelo sonho realizado

Assuma logo de entrada

Como sendo já seu fado

E na meta entressonhada

É mesmo concretizado.

 

 

Deveras

 

Deveras se algo quiseras,

Muito difícil embora,

Pode demorar mil eras

Mas há-de chegar-lhe a hora:

Pequenos passos alinho

E há-de abrir-se-lhe o caminho.

 

 

Rejeição

 

Quando o desapontamento,

Rejeição faz vacilar,

Neste preciso momento

Terei de me recordar

Que estou sempre a ser levado

Para o melhor resultado.

 

 

Maior

 

O sonho muda, ao chegar

À meta que programou,

Maior logo a se tornar:

Nunca de evoluir findou!

Nem teria, de meu lado,

Tal antes imaginado...

 

 

Algo

 

Quando for bem-sucedido

Ao fazer algo grandioso,

Uns vão amá-lo com gozo,

Outros, odiar-lhe o haurido.

É um sinal, neste processo,

De que tem mesmo sucesso.

 

 

Confiança

 

Sem confiança e convicção

Em teu sonho, não o contes:

Os demais derrubarão

Então tuas frágeis pontes.

Teu sonho é posto de lado

Antes de ter começado.

 

 

Norma

 

Do antagonista a verdade

É que, por norma, fechou

A mente, nada o persuade,

Seu potencial findou.

Se o potencial vivera,

Possível tudo soubera.

 

 

Viagem

 

Na viagem do herói em ti

Encontras muito aliado,

Um anjo aqui, outro ali,

Em alma ou num corpo dado.

Ninguém por si próprio vence,

Muita ajuda a tal pertence.

 

 

Sentado

 

Ficar sentado a dizer

“Ai como eu gosto de mim!”

A estima não faz crescer.

Vai ser patim a patim

No desafio lavrada:

Auto-estima é conquistada.

 

 

Viso

 

Quando viso um objectivo

E ando a perseguir o sonho,

O desafio mais vivo

Perde o cariz de medonho.

Como terei de evoluir,

Se o enfrento, estou a ir.

 

 

Casa

 

Quanto mais alguém partilha

Mais caseiro é o desafio.

A gratidão é uma quilha

Cortando o mar ao navio.

Então, grato, segue em frente,

De oriente a oriente.

 

 

Obstáculo

 

Um obstáculo é um desvio:

Como o vamos contornar?

Visualizo o desafio

Diverso, doutro lugar.

Dali eu recebo então

Algum dia a solução.

 

 

Barreira

 

Uma barreira é da pista,

Nunca está de fora dela,

Nunca tem, portanto, em vista,

Indicar se engano há nela.

Se pular toda a barreira,

Atinjo a meta cimeira.

 

 

Derrota

 

A derrota é desistir

Quando encontrar rejeição.

O bem-sucedido, ao ir,

Não o afecta tal pendão.

Só há fracasso, ao lavrar,

Se impedir de continuar.

 

 

Bebé

 

O bebé levanta e cai

E torna-se a levantar.

A coragem que ali vai

Do zero até lá chegar!

Às vezes será com berros...

- Só que aprendo com os erros.

 

 

Sempre

 

Os erros como os fracassos

Serão sempre inevitáveis.

Magia dos embaraços

Retirar, por mais odiáveis,

É o que a si vai competir

E é bom que a logre extrair.

 

 

Poderei

 

Não poderei fazer muito

Mas poderei fazer isto:

Outrem ajudar gratuito

Num pequeno gesto. Avisto,

Se de todos fora a meta,

Que mudaria o planeta.

 

 

Dificuldade

 

A dificuldade suma

Traz quase do sonho a morte,

Mas quando um homem se apruma

Do avesso até muda a sorte.

Quando do impasse emergir,

Desata o sonho a surgir.

 

 

Beco

 

Chego a um beco sem saída,

A perder quase a esperança,

Depois reverto a corrida

Por novo trilho que a lança.

- Que tédio, se fácil fora,

Sem lutar a toda a hora!

 

 

Aterra

 

Todo o herói morre e renasce.

Esta morte literal,

Psíquica ou emocional,

Aterra quem dela pasce.

Porém, de braços abertos,

Temos de cruzar desertos.

 

 

Após

 

Após da viagem os passos,

De vergar os desafios,

De obstáculos os compassos

Triar de montes a rios,

É que poderei saber

A euforia de vencer.

 

 

Recursos

 

O que há-de gratificar

É poder retribuir,

Ter recursos de ajudar

Outrem que em frente quer ir,

Conseguir dar o que dar

Sempre quis sem conseguir.

 

 

Cuidar

 

Poder cuidar de quem amo,

Contribuir e melhorar

As vidas, ramo por ramo,

É uma alegria sem par.

É a mais gratificante haurida

Das vivências duma vida.

 

 

Inda

 

Inda trabalho, que estou

A fazer a diferença

E continuar sempre vou

A cumprir minha sentença

De ser diferença ali,

Enquanto andar por aqui.

 

 

Ilimitada

 

Há sempre oportunidade

Ilimitada de dar.

Mesmo em penúria sempre há-de

Muito haver que partilhar.

Quando se der, a seguir,

A abundância vai fluir.

 

 

Atira-se

 

O bem-sucedido meça:

Não espera nunca nada,

Atira-se de cabeça,

Faz o que for da jogada.

Se logo não conseguir,

Tenta, tenta até atingir.

 

 

Cicatriz

 

Cicatriz por toda a parte,

Com menos algum bocado

Ao falhar-lhe o que escolhera,

Um coração que se parte,

Muito embora consertado,

Não volta a ser o que ele era.

 

 

Ambiente

 

Terra, cultura e política

Do ambiente em que vivemos

Influem no que seremos

Duma forma tão granítica

Como o ambiente subjectivo

Em que sou quanto aqui vivo.

 

 

Luzirá

 

Quando o preto é mesmo preto,

Não é só uma escuridão,

É saber algo secreto:

Amanhã luzirá o chão.

- Saberei, à luz do dia,

De noite o que não sabia.

 

 

Vermelho

 

O vermelho é uma promessa

Do que está para nascer

De que está com muita pressa,

Mesmo, mesmo a acontecer:

Ora é mesmo uma criança,

Ora a ideia que se alcança.

 

 

Itinerário

 

É um itinerário longo

Ao fundo manter-me fiel

Onde incônscio me prolongo,

Que à mente me arranca a pele.

Custa muito vir do fundo

À superfície do mundo.

 

 

Lágrima

 

A lágrima é sentimento

Mas, apontada ao que viva,

É também lente de aumento

Da visão alternativa:

De repente, em minha lista,

Há um outro ponto de vista.

 

 

Hora

 

Quando alguém na hora exacta

Não mergulhou em seu imo,

Em vez de trepar ao cimo,

A fenda que em si acata

Vai transformar-se em ravina,

Logo ao abismo o destina.

 

 

Empurrá-la

 

Ninguém poderá escapar

Totalmente à própria história.

Pode empurrá-la a um lugar

Na fundura da memória,

Só que ela continuará

No recanto a pairar lá.

 

 

Impele

 

Impele à direcção certa

E leva a seguir em frente:

É o amor que nos desperta,

Comportas abre à corrente,

Que nos traz, nesta medida,

Valor e sentido à vida.

 

 

Caí

 

Quando eu não me permitir

Sentir qualquer compaixão

Nem amor por quem eu vir,

Seja embora estranho então,

Caí no pior engano:

- Tornei-me menos humano.

 

 

Funda

 

Não me amo o suficiente,

Sou superficialidade,

Ignoro a funda semente

Do que em mim sou de verdade...

- Quando aprenderei assim

O germe do Infindo em mim?

 

 

Mil

 

Um amor é sempre amor,

Tenha embora mil maneiras

De ser do mesmo teor.

O romântico tem leiras

Que são dele mas, em suma,

Nele o todo também ruma.

 

 

Mar

 

Não é nunca um mar de rosas

Um qualquer amor romântico.

Deleite, alegria e cântico

Vêm da fonte que ali gozas

Mas também o desafio

De trabalhar sem fastio.

 

 

Busco

 

Toda a vida busco o amor,

O amor que nunca encontrei?

Sempre lá esteve o fulgor

Em que nunca reparei.

É uma ocasião perdida,

Deste modo, a minha vida.

 

 

 

Quem se vê tal ser perfeito

Da mulher perfeita à espera,

A vida perfeita a eito

Para levar de era em era,

Em contos de fadas creu,

Perdeu as chaves do céu.

 

 

Poderei

 

Poderei tornar-me frio,

Mas não ignorar o amor.

Daquilo em mão tenho o fio,

Deste não mando no teor,

Ele ocorre simplesmente:

Mando é daqui para a frente.

 

 

Delegamos

 

Delegamos o poder

Em quem o poder coloca

E o dinheiro que render

Acima do pão à boca.

- Como então alguém alcança

Proteger qualquer criança?

 

 

Anjos

 

Das plantas, dos animais

Somos os anjos da guarda,

Mediamos os sinais

Do que cresce ou de vez arda.

Se não ligo a tal função,

Finda o mundo à minha mão.

 

 

Personalidade

 

Personalidade forte

Numa criança é sinal

De ao lar usurpar o norte,

O que, ao fim, lhe fará mal:

Nunca o chefe de família

É da criança a quezília.

 

 

Cabo

 

A criança há-de correr,

Falar alto e se mexer.

Não é de perder um ror

De horas ao computador.

- Quem com tudo isto se ilude

Dá-lhe cabo da saúde.

 

 

Melhor

 

Não são o melhor do mundo

As crianças para os pais

Cujo amor é só fecundo

Por elas e nada mais.

Então do amor a matriz

Apodreceu na raiz.

 

 

Nunca

 

O padrasto ou a madrasta

Nunca são tios, são pais:

Devem colo dar que basta,

Autoridades vitais,

Promover autonomia

Como qualquer pai faria.

 

 

Avós

 

Os avós só vão dar mimos,

A estragarem as crianças.

Dos pais confrontam os limos,

A pedir outras andanças.

No fim, crescem, inegáveis,

As crianças mais saudáveis.

 

 

Zangam

 

Não se zangam nunca à frente

Duma criança os seus pais?

Pouco importa. De repente

Ela já leu os sinais.

E sofre sempre da briga

Que então aos dois os fustiga.

 

 

Discórdia

 

Nunca se desautorizam

Um ao outro, a ser bons pais.

Só que as crianças divisam

Duma discórdia os sinais

E ninguém inteligente

Fica àquilo indiferente.

 

Morto

 

“Não tenhas medo!” – só vale

Se disser: “Estou aqui!”

Então o monstro do vale

É morto de vez aí.

Doutro modo, a confusão

Aumenta e é tudo em vão.

 

 

Até

 

Se ele diz: “Não sou capaz!”,

Tem medo até de tentar.

O melhor é se zangar,

Não deixe voltar atrás.

Não à força de bloqueio,

Que nem sequer fique a meio!

 

 

Pior

 

O pior medo da criança

É sempre o mais delicado,

O cuja força se cansa

Desviando pelo lado.

Ora, em vez de lhe ralhar,

Ralhe a quem lho alimentar.

 

 

Desdenha

 

Quem quer uma escola escola

E desdenha a brincadeira

Dos pés enfia a sacola

Até à cabeça inteira.

Terá um filho tenebroso

Que nem a si dará gozo.

 

 

Ligo

 

Não ligo o conhecimento

Sem o ter de dividir,

Não divido cada evento

Sem por outro lado o unir:

Saber, mais que justapor,

É o todo num pormenor.

 

 

Transmitir

 

Transmitir conhecimentos

Só se for para pensar

Com eles quaisquer momentos

A que a vida der lugar.

Doutro modo a utilidade

Ninguém lhe esclarecer há-de.

 

 

Transmite

 

Quando a escola dum saber

Não faz vivência de encontro,

Transmite o que houver de ser,

Não sana nenhum recontro.

Entorpece então quenquer

Em vez de o engrandecer.

 

 

Cresce

 

Quem cresce no devaneio

De “o-que-aprende-não-faz-mal”,

Quem ao mal não tem receio

Nem lhe exorciza o sinal,

Não transpõe o abismo a vau,

Vai mesmo tornar-se mau.

 

 

Laços

 

Extremistas se intolerantes

Relativamente ao mal,

Menos há laços constantes

De mútua união real.

É sempre a justa medida

Que mais vida traz à vida.

 

 

Violência

 

A violência contamina,

Leva-nos a desistir,

A replicar-se termina

Noutras vítimas a vir.

Findamos indiferentes

A quanto somos dementes.

 

 

Tolhido

 

Pais de vida interrompida

A querer que o filho faça

A vida neles tolhida...

- Como é que o filho acha graça

Se o que para si anseia

É proibido se o semeia?

 

 

Entre

 

Não é fácil destrinçar

Entre sonho e devaneio,

A utopia a baralhar

A realidade no meio.

Mas, se só vale o presente,

Que é do porvir que haja em frente?

 

 

Primeiro

 

O primeiro grande obstáculo

Da motivação dum filho

É dos pais o receptáculo

Da vida ser um sarilho:

- Quando o labor é só pena,

Que motivo a um filho acena?

 

 

Encontro

 

Com mais conflito ou com menos,

Todo o pensamento é chão

De ir do encontro à relação,

Do eu ao nós, nos terrenos

Onde se funde, algum dia,

Razão e sabedoria.

 

 

Estimulam

 

Erros, dores, sofrimentos

Estimulam a crescer,

São momentos de aprender,

Não negativos eventos:

- Nada impede o sofredor

De ser cada vez melhor.

 

 

Criança

 

A criança, doravante,

Para qualquer qualidade

Dum mestre, é desafiante

Como nunca noutra idade:

Compreende doutra maneira...

E é o que dela o mundo abeira!

 

 

Exame

 

Um exame é uma vacina:

Quanto mais o mal-estar

Dela aprendo a suportar,

Mais a transformar me inclina

O tóxico inevitável

Da vida no que é saudável.

 

 

Atados

 

Os avós são mais avós

Quão mais vida possam ter,

Não atados aos cipós

De netos que os vão prender.

Vida própria ao respirar,

Muito então terão a dar.

 

 

Novidade

 

Entre o bebé que se sonha

E o bebé quando ele nasce

Que novidade medonha,

Quanta exigência ali pasce!

- Seja quem for a quem calha,

Decerto tudo atrapalha.

 

 

Apelo

 

Um apelo para a paz

Quando o povo é o oprimido

É só escravidão que traz,

Mais ofendendo o ofendido.

Então é que a liberdade

Ergue as armas com verdade.

 

 

Aprender

 

Todo o homem que homem for

Tem de aprender a ficar

Sozinho perante um ror

De tudo o que o rodear,

Contra tudo mesmo após,

Por todos pensando, a sós.

 

 

Alheio

 

Homem que alheio se ocupa

Doutrem, todo em frenesi,

No sangue que alheio o chupa

Não se ocupa então de si.

Proveito nenhum se tira

Dum alheamento que o fira.

 

 

Vale

 

A má liberdade

Vale, sem senão,

Bem mais, de verdade,

Que a boa prisão.

A gaiola forte

Traz ao diabo a sorte.

 

 

Cívico

 

O amor dum mútuo carinho

Também cívico e político

É se voa além do ninho,

A modelar do granítico

Então um mundo melhor

Brando e fero como o amor.

 

 

Tempo

 

Tempo com outrem passado

É ambiente caloroso,

Descontraído, apegado,

Convidativo, com gozo...

- É como apertado abraço

Sem de contacto haver traço.

 

 

Lareira

 

A lareira dá calor.

Porém, o calor humano

Que partilho em seu redor

Conta mais e mais sem dano.

Se acolá meu corpo acalma,

Aqui vem-me aquecer alma.

 

 

Peça

 

Peça de decoração

Com história e narrativa

É nostalgia ao serão,

Connosco fala, que é viva.

Físicas propriedades

Não sentem estas verdades.

 

 

Descontrai

 

Descontrai, pouco que seja!

Uma almofada, uma manta,

Um prazer simples almeja,

Tudo vai bem, tudo canta...

- Perante um pior momento,

Transmuda o teu pensamento.

 

 

Aconchego

 

Pode a vida ser estafa,

Parecer injusta, incerta

(Pobreza estatuto gafa),

Mas se tenho a porta aberta

Ao aconchego, o chamiço

Dele muda tudo isso.

 

 

Precioso

 

Quão maior a diferença

Entre este aqui, este agora

E o duro real que avença

Todo o mundo lá de fora

Mais precioso devém

O aconchego que se tem.

 

 

Concentro

 

Se me concentro em dinheiro,

Só dar e receber prendas,

Contamino por inteiro

De toda a afeição as rendas.

O meu Natal de aconchego

De mim, viciado, despego.

 

 

Diferença

 

Ao dar e receber prendas,

Pode alguém sentir-se exposto,

A diferença das rendas

Sublinhar de alguém no rosto.

- E em lugar de comunhão

Todos se deslaçarão.

 

 

Grato

 

Quem é grato é mais feliz,

Mais atencioso também,

Clemente então, de raiz,

Materialismo não tem,

Todo o momento a tentar

A outrem como ajudar.

 

 

Dois

 

Quando dois, no envolvimento,

Decidem por fim casar-se,

Murcha, a partir do momento,

Da paixão breve o disfarce.

Perto está da Terra o grito,

Longe, o sonho do Infinito.

 

 

Ora

 

Ora a vida é coisa boa,

Ora a vida é coisa má.

A boa não foi à toa

Que veio ter até cá:

É que alguém teve o poder

De amar para aqui vir ter.

 

 

Cosmos

 

Toda a atracção é um amor,

Todo o amor é uma atracção.

O Cosmos, neste pendor,

Todo ele é amor em acção

E alimenta a autonomia

Na atracção que pronuncia.

 

 

Mantém

 

Lei de amor é de atracção,

Mantém tudo em harmonia,

Desde os átomos do chão

Às galáxias que eu nem via.

Em tudo, em todo o Universo:

Mesmo em mim é a frente e o verso.

 

 

Eco

 

Aquilo que sinto e penso,

Como um eco de meu grito,

Volta atrás bem rico e denso

De quanto nele concito.

É o que garante de vez

Que posso mudar de tez.

 

 

Nunca

 

A vida nunca acontece,

A vida sempre responde:

De nós pende o que oferece,

No que lhe dermos se esconde.

É nisto que sou autor

Do que minha vida for.

 

 

Mora

 

A grande motivação

Mora no meu sentimento:

Se me sentir bem, então,

Colho aí meu elemento.

Se, ao invés, me sentir mal,

Nunca irei desejar tal.

 

 

Amplia

 

Amplia o bom sentimento,

Pensa em tudo o que for bom,

De que gostas cem por cento.

Enumera-o, tom a tom,

Constante, até perifrástico:

- Irás sentir-te fantástico!

 

 

Níveis

 

Para os sentimentos bons

Os níveis são infinitos.

Não há fim, pois, para os tons

Da música de teus fitos,

Nem para o que se puder

Vir da vida a receber.

 

 

Tudo

 

Tudo o que amar quer fazer

Parte alguma em sua vida:

Amor, saúde, uns bens ter,

A felicidade haurida...

- É somente abrir-lhe a porta:

Ao pensá-lo, ao lar o exorta.

 

 

Qualquer

 

Qualquer relacionamento

Vives alegre e feliz

Ou na tristeza e tormento:

Escolhes tu teu matiz

E o que emites para fora

A ti torna, não demora.

 

 

Reages

 

Que importa o que te acontece?

O que importa é que chamiço

Acendes nessa quermesse

Quando reages a isso:

Não sejas mais cana ao vento,

Toma em mãos teu sentimento.

 

 

Instante

 

O instante é oportunidade

Para mudar uma vida:

Mude o que sente e, em verdade,

Muda-lhe o mundo em seguida.

Desaparece o passado,

Vem um porvir doutro lado.

 

 

Agarrar-se

 

Agarrar-se à sua fúria

É agarrar carvão em brasa,

Doutrem a punir a incúria

Com que nos entrou em casa.

Quando, afinal, reparamos,

Somos nós que nos queimamos.

 

 

Desculpas

 

Desculpas de não amar

Só mais negatividade

Vão à vida acrescentar,

Fonte do que desagrade.

O curso, ao ir por aí,

No açude ao rio tolhi.

 

 

Carregas

 

Quando a conversa ao jantar

Carregas de más notícias,

Dormir não irás lograr:

Dói-te o ventre, das sevícias.

E o problema é que tu não

Vês de ambos a ligação.

 

 

Muda

 

Um dia bem positivo

Não muda apenas o dia,

Mas o seguinte que vivo

E a vida que se seguia.

A vida vai melhorar

Cada vez mais, sem parar.

 

 

Consumido

 

Há quem não viva o presente,

Consumido do futuro.

Ora, o porvir inauguro

Como hoje aqui vivo assente:

Como hoje sinto é que importa,

Que ele é que abre ou fecha a porta.

 

 

Puser

 

Sentimentos positivos

Quando os puser na balança,

A força do amor bem vivos

Os mortos porá na dança.

Muda a vida tão depressa

Que até nem creio que o meça.

 

 

Negativo

 

Culpa, crítica, procura

Da causa e reclamações

São tudo formas que apura

Quanto mal-estar impões

E todas elas só trazem

Lesões que a ninguém aprazem.

 

 

Trazer

 

A força do amor trabalha

Pela natureza além

Para trazer a quem calha

O que deseja e não tem.

Usa eventos e pessoas

A acartar as horas boas.

 

 

Conjuntura

 

Seja qual for a conjuntura havida,

Sempre que houver amor feliz a dar,

A conjuntura também vai mudar,

Correspondendo à fonte ali vivida.

Eis porque importa escolher sempre o amor,

Pois multiplica à vida o que é sabor.

 

 

Demasiado

 

Se cuidas que algo é demasiado grande,

Andas dizendo ao que te atrai a ti:

“Será difícil de atingi-lo ali,

Tempo demais acaso nos demande...”

Ora, o que pensas é o que irás colher:

Atrasas tudo, nem vais sonho ter.

 

 

Determinado

 

Determinado a ser feliz e alegre

Continuarei, seja lá onde for.

Que ser feliz então farei que integre

Minha vontade e não do vento o teor.

As conjunturas não o ditam, não,

Por minha escolha vem-me o céu à mão.

 

 

Frequências

 

Se as frequências da Luz

São grandes como o Evereste,

As que meu olhar traduz

Não serão nada que preste:

Têm, para meu amanho,

Duma bolinha o tamanho!

 

 

Força

 

Quando uma força trabalha

Consigo sem falhar nunca,

A confiança não falha,

Que o chão de vitórias junca.

Sabe, logo, não falhar

Ao com o amor trabalhar.

 

 

Reino

 

No reino do amor, o mundo,

Por imperfeito que seja,

Torna-se rico e fecundo,

Só de ocasiões viceja,

Em tudo, em todo o lugar,

Para amar e mais amar.

 

 

Apaixona-te

 

Apaixona-te da vida

Tal e qual doutra pessoa:

Adora tudo na erguida

Bela imagem que apregoa

E que, de tão desmedida,

Até o peito te atordoa!

 

 

Tarefa

 

Nossa tarefa é de amar

O máximo cada dia:

O que puder adorar

Adore, que é de hoje o guia.

Desvie do que não ama,

Que é o porvir que assim o chama.

 

 

Comboio

 

A mente pode arrancar,

Comboio das avarias,

Montanha abaixo a tombar,

Sem condutor e sem vias,

Se com ela não me enrolo

A lhe manter o controlo.

 

 

Correspondo

 

Às coisas boas da vida

E das más ao lado bom

Só com alma agradecida

Lhes correspondo ao que são.

Se as mãos lhes dou, assim grato,

Ergo o mundo inteiro em acto.

 

 

Nunca

 

Na vida do dia-a-dia

Nunca nos apercebemos

Que muito mais recebemos

Que o que damos na franquia

E que a gratidão vivida

É que é vida enriquecida.

 

 

Seu

 

Aquilo que desejar

Ou de que necessitar

Já é seu: sonhos o gizam.

Os desejos até si

Chame, sentindo-os aí:

Pouco a pouco se realizam.

 

 

Elevar

 

Ao mudar como te sentes,

Elevar teus sentimentos,

Lista o que amas, entrementes,

O que adoras nos eventos.

Centrado aí, eis de além

Vindo-te o que te convém.

 

 

Esforço

 

Faz o esforço consciente

De reparar em redor

Em tudo quanto, fervente,

Te vá incendiar de amor,

Muitas vezes, de seguida,

Todos os dias da vida.

 

 

Porte-se

 

Porte-se tal se o tivera!

O que imagina a emoção

É a directa transmissão

Para atrair o que espera.

Portanto, por este apelo

Irá breve recebê-lo.

 

 

Atraso

 

O atraso do que desejo

É de faltar sintonia

Entre o desejo que avia

E o fruto que nele vejo.

Muito mais que, se calhar,

Não ser de tal se me dar.

 

 

Conjuntura

 

Conjuntura em desespero

Não existe para o amor.

Se eu a vivo, um gesto mero

A transporá, superior:

É amar de alegria um sonho,

Que no real o transponho.

 

 

Preciso

 

Como preciso de amor,

A forma de o ter é dando:

Quanto mais der, mais fulgor

Consigo me iluminando.

Se eu ficar cheio de amor,

Mudo em íman quanto eu for.

 

 

Relação

 

Relação com o dinheiro:

Se o que requiser não tem,

Então não se sente bem

Perante ele por inteiro.

Se não muda o sentimento,

Vai-se-lhe o dinheiro ao vento.

 

 

Avaliação

 

Se estiver aborrecido

Com algo ali do exterior,

O sofrimento sentido

Não é de aquilo lho impor,

Vem da avaliação que faz:

- Pode revogá-la em paz.

 

 

Saberás

 

Não saberás quando,

Não saberá como,

Mas o amor, amando,

Resolve-o no assomo:

- É o eterno lema

De qualquer problema.

 

 

Multiplicado

 

Transmite amor aos demais,

Bondade, encorajamento,

De alegria sentimento,

Que ele vira para trás

Multiplicado à medida,

Em qualquer área da vida.

 

 

Ponderes

 

Não ponderes na doença,

Que à doença te aprisionas.

Pensa na força que a vença,

No poder que tencionas

A ti atrair agora:

- A saúde não demora.

 

 

Enfrentar

 

Se enfrentar uma doença,

Não adira nunca a ela

Em pensamento ou sentença.

Ao contrário, na sequela,

Transmita amor à saúde:

Sua a faz se se lhe grude.

 

 

Poder

 

O poder de ser feliz,

Bondoso e de ter aquilo

Que na vida sempre quis

Mora em cada um, no silo

Ilimitado e potente

Das vitualhas do presente.

 

 

Tropeço

 

Quando estás cheio de pressa

Por estar muito atrasado,

Todo o tropeço tropeça,

Atraído a teu chamado:

Sentes que a hora vai mal

E o mal corre ao teu sinal.

 

 

Brote

 

Quando brote onda na vida,

É que igual tem a energia

Àquela que em mim havia

Ou não seria atraída:

Alegre com outra alegre,

Triste que outra triste integre.

 

 

Carro

 

Vejo um carro da polícia:

“Que é que quererá dizer-me?”

Ou sou mesmo o inteiro inerme

Que nem sequer é notícia?

Se calhar é, de esquecido,

Que nem fui agradecido.

 

 

Oiço

 

Oiço conversas de acaso,

Leio um cartaz de fugida...

- São mensagens que me aprazo

Para orientar-me a vida.

Tudo conta, relevante,

Senão não é o meu instante.

 

 

Esquina

 

Quando algo deixar cair,

Quando um passo em falso der,

Na esquina a roupa prender...

- É um aviso a retinir

Para o momento parar,

Um rumo outro a inaugurar.

 

 

Força

 

A força do amor é a fonte

Da abundância, da alegria

E, nos afectos, da ponte

Que os enlaçar em magia.

Pois semeie amor a rodos,

Que o querem, no fundo, todos.

 

 

Tudo

 

Poderei tudo entregar

À força do amor em tudo,

Desde a hora de acordar

À de sonhar a miúdo.

Terei de me centrar nela:

É o que abre qualquer janela.

 

 

Frágeis

 

Une as tuas frágeis forças

À maior força da vida.

Que já tens a quanto orças

Imagina-o em seguida.

Com amor e gratidão

Irás recebê-lo à mão.

 

 

Força

 

A inteligência da vida,

Do Universo a inteligência

É a força do amor. Erguida,

Tudo pode, na emergência.

Aliar-me a ela no amor

É força a mim me propor.

 

 

Descobre

 

No caos e na desordem

Descobre a simplicidade.

Nas discórdias que nos mordem,

Vê que harmonia persuade.

- Por entre as dificuldades

Descobre oportunidades.

 

 

Julgas

 

Quando alguém julgas de mau,

Não lhe transmites amor:

Colas a etiqueta ao pau

Da jeira de que és senhor.

Aquilo que então lhe deres

Vai ser o que receberes.

 

 

Transmito

 

Uma emoção negativa

Que transmito sobre alguém

Volta a mim, em recidiva,

Negativa vida além,

Não só por pensar no mal,

Por me fazer mal igual.

 

 

Rica

 

Vida que se desenrola

Num amor por toda a vida

É uma vida preenchida

E rica que rola e rola,

Expandindo-se, constante,

Bela e poderosa, avante.

 

 

Questão

 

A questão não é saber

Se continuamos ou não,

Mas como vamos poder

De tal desfrutar então.

É que esta vida é tão curta

E a outra em tão breve é surta!

 

 

Mentiroso

 

Qualquer possibilidade

Dum diálogo deveras

Com um mentiroso é um logro.

Mentira feita verdade

Troca as voltas às esperas,

Nem sequer meu sonho logro.

 

 

Dependente

 

O dependente afectivo

A vida própria perdeu,

Crê que só se mantém vivo

Da vida que outrem lhe deu.

Tanto então outrem agarra

Que o amor torna-se amarra.

 

 

Nunca

 

Se o dia nunca me basta

A quanto quero fazer,

Tiro a semana da pasta,

Nela encaixo quanto houver.

- E não é que tudo muda

Com esta pequena ajuda?!

 

 

Prefiro

 

Prefiro não ser herói

Ante os olhos de meu filho,

Antes ser homem que foi

Bem real todo o seu trilho.

É que isto já é bastante

Difícil de ir por diante.

 

 

Falar

 

Aquele que falar sabe

No momento bem preciso

A palavra que lhe cabe,

Encontra sempre, com siso,

O caminho, aos rebolões

Embora, dos corações.

 

 

Valha

 

Não há pública alegria

Que valha a particular:

Aquela tudo alumia,

Esta luz é singular.

Dispersa, esvai a magia;

Concentrada, é o Céu a par.

 

 

Vale

 

Toda a hostilidade,

Mundo vagabundo,

Não vale de nada.

Ao fim chego ao fundo:

É uma nulidade

A vida acabada.

 

 

Penedo

 

Amigos a ser amigos

Só sendo amigos de longe.

Amigos de perto abrigos

Não há que o mar não esponje:

Penedo contíguo ao mar

É batido sem parar.

 

 

Importa

 

Pouco importa fazer muito,

Porém no menor dos prazos.

O que importa é se, gratuito,

O aprazível fiz de acasos,

Se, de quanto ombreia o fútil,

Eu, afinal, tornei útil.

 

 

Casar

 

Casar não é conclusão,

Antes ponto de partida.

O marido, na união,

Molda a mulher, de seguida,

E esta, ali a se moldar,

Dele molda o jeito ao lar.

 

 

Recíproco

 

Recíproco sacrifício

Requer a felicidade,

De sonho traz benefício

Germiná-lo em realidade:

O sonho é de asas travadas

Que ao chão vem moldar pegadas.

 

 

Ergue

 

Quem no mundo sobrevive

É quem se ergue e que procura

O que quer e que o motive.

Se o não encontra, inaugura,

Pelo caminho da vida,

A Nova Terra envolvida.

 

 

Fracasso


Quando a sorte te arremeda

Negando o que prometer,

O fracasso não é queda,

É recusa de se erguer.

Muda a contrariedade,

Pois, em oportunidade.

 

 

Deus

 

O deus dos buracos

Não existiu nunca,

Que o saber com cacos

Dele o chão nos junca.

Ou é um coração

Ou deus não é, não.